Quinta, 02 de abril de 2015 às 08:31

Capitão e Capanema sentem reflexo com a paralisação da obra da Usina Baixo Iguaçu

Fonte: Jornal O Parana



Mesmo para um estrangeiro, uma análise rápida permite traçar linhas gerais sobre o Brasil. De um lado, há o relapso e a corrupção que invadem praticamente todos os setores públicos nacionais e de outro o preciosismo de alguns órgãos que, na ânsia de ajudar e de seguir a lei a ferro e a fogo, acabam por atrapalhar. Essa é a realidade que sentem na pele líderes e moradores das cidades atingidas pelo empreendimento da Usina de Baixo Iguaçu, uma das tão sonhadas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), anunciada à época em que o presidente ainda era Luiz Inácio Lula da Silva. O problema está longe da busca pelo cumprimento da lei, que deve e precisa ser observada, reside, todavia, na demora para a solução de um quadro com várias implicações. Por decisão da Justiça, as obras da hidrelétrica foram paralisadas em julho do ano passado. Mesmo com a recente autorização para a retomada dos trabalhos, o consórcio formado pela Neoenergia e Copel precisa novamente se estruturar para fazer com que a operação retorne. A suspensão das atividades ocorreu há nove meses e poderá, facilmente, demorar mais três para que o ritmo normal seja devidamente alcançado. Para uma obra orçada em R$ 1,7 bilhão, o excesso de zelo, o mesmo tão esperado para outros setores da vida pública nacional, custa caro ao contribuinte. É o que diz o prefeito de Capitão Leônidas Marques, Ivar Barea (PDT), que esperava contar com uma cidade com economia ainda mais pulsante devido às obras da hidrelétrica. "Pelo contrário, o que se vê são traços de uma agonia que se arrasta há meses". O gestor se refere aos reflexos provocados pela paralisação do empreendimento, que quando estiver pronto fornecerá energia para uma cidade com mais de um milhão de habitantes.
Segundo o Jornal O Paraná Impedido pela Justiça, que cassou a licença de instalação do canteiro de obras, o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu não teve outra alternativa senão fazer cortes. E eles foram amargos.
Cerca de 1,6 mil dos 1,8 mil trabalhadores recrutados para os mais diversos setores do empreendimento perderam o emprego e o salário. "Hoje, nove meses depois, parte foi embora, mas muitos aguardam a possibilidade de ser recontratados. Entretanto, o seguro-desemprego terminou e, sem dinheiro, esses trabalhadores precisam de todo tipo de assistência imaginável", diz Ivar Barea. Somente com o não pagamento de ISSQN, Capitão Leônidas Marques deixou de receber cerca de R$ 2 milhões. O valor chega aos R$ 8 milhões a Capanema, município gerido por Lindamir Denardin. A exemplo de Ivar, Lindamir também torce para que as obras voltem o mais depressa possível. O consenso é de que os problemas mais sérios já foram vencidos e que o retorno, agora, é só uma questão de tempo. O desemprego, a falta de dinheiro e a forte pressão em serviços básicos contam apenas uma parte da história do drama que os municípios enfrentam. Outro problema é o adiamento das conturbadas negociações com os agricultores que terão terras banhadas pelo futuro reservatório da usina. Obrigado a priorizar ajustes em projetos e defesas jurídicas, o Consórcio foi obrigado a segurar investimentos em parcerias com os municípios, a exemplo de obras em saúde, educação e segurança. "Até agora, não recebemos nada a título de compensação e alguns desses projetos já deveriam estar prontos", diz o prefeito Ivar, que, apesar das dificuldades, mantém o otimismo. Ele afirma ter convicção de que quando a usina estiver pronta, o que deverá ocorrer em 2016, os percalços todos serão lembrados como etapas necessárias para fazer jus a um investimento tão importante ao Brasil.
Usina em números
R$ 1,7 bilhão é a soma de recursos que a obra consumirá 9 meses
Sem trabalho no canteiro de obras 1,6 mil trabalhadores demitidos
R$ 8 milhões de ISSQN não gerados à Prefeitura de Capanema
R$ 2 milhões de ISSQN não gerados à Prefeitura de Capitão
1 milhão de habitantes receberão, em 2016, energia produzida pela usina do rio Iguaçu.





Fonte: Jornal O Paraná

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