Quarta, 06 de abril de 2016 às 14:14

Hidrelétricas da Copel estão atrasadas, dentre elas a Baixo Iguaçu

Fonte: Gazeta do Povo

A expansão do parque de geração e transmissão da Copel, sustentada por um bilionário programa de investimentos, não se dá sem sobressaltos. Embora a construção de parques eólicos ocorra dentro dos prazos, as duas hidrelétricas que a empresa está erguendo deveriam estar prontas há alguns anos - e gerando receitas. Parte das linhas de transmissão também tem atrasos.

Relatório de monitoramento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que a usina de Colíder (300 MW), no norte de Mato Grosso, deveria estar gerando energia desde dezembro de 2014, mas deve ficar pronta só em março de 2017. O?projeto enfrentou questões ambientais, problemas trabalhistas - o canteiro de obras chegou a ser incendiado - e até dificuldades financeiras da fornecedora de turbinas.

A Copel pediu à Aneel o chamado "excludente de responsabilidade", mas a agência reguladora considerou, no ano passado, que são justificáveis apenas 214 dias de atraso, dos 644 dias solicitados pela Copel. A Aneel tende a aplicar uma multa pelo atraso, mas o valor ainda não foi definido.

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Enquanto a hidrelétrica de Colíder não fica pronta, a Copel honra os contratos de fornecimento atrelados a ela com a energia de outras usinas em funcionamento. Se não tivesse essa "sobra", a companhia teria de cobrir a lacuna com energia comprada no mercado à vista.

"O?fato de termos energia disponível para suprir esses contratos foi muito importante no ano passado, quando o PLD [preço da energia no mercado à vista] esteve muito alto", diz Luiz Fernando Leone Vianna, presidente da Copel.

Na hidrelétrica de Baixo Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, a perspectiva é de operação apenas em 2018, cinco anos após o prazo. O projeto - liderado pela Neoenergia, num consórcio em que a Copel tem 30% do capital - também enfrentou questionamentos de ordem ambiental, paralisações por ordem judicial e ainda uma cheia do Rio Iguaçu, que destruiu o canteiro de obras em meados de 2014.

As obras da usina foram retomadas recentemente. Uma vez que a Aneel aceitou revisar todo o cronograma, o andamento do projeto é considerado normal pela agência reguladora. Por isso, nem Neoenergia nem Copel devem ser penalizadas.



Transmissão

Na área de transmissão, o maior atraso é na linha Araraquara 2-Taubaté, em São Paulo, que vai escoar energia das hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia. A Copel teve dificuldades para adquirir as terras por onde a linha vai passar e ainda busca a licença de instalação. A Aneel estima, em relatório de monitoramento, que o projeto ficará pronto em setembro, com quatro anos de atraso.

Outras duas linhas, entre Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, construídas em sociedade com a chinesa State Grid, deveriam estar operando desde janeiro de 2015, mas vão funcionar apenas neste mês, estima a Aneel.

Uma dessas linhas vai escoar para os grandes centros do país a energia produzida pela hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará. Em março do ano passado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, chegou a dizer que a concessão das linhas poderia ser cassada por causa dos atrasos, mas a ameaça não foi adiante. O?consórcio responsável por Teles Pires entrou na Justiça para cobrar os prejuízos.

Dona de 49% do consórcio, a Copel decidiu, em agosto de 2015, colocar mais R$ 100 milhões nos dois empreendimentos para acelerar as obras, no que foi seguida pela State Grid.

Em paralelo, o conselho de administração da companhia paranaense ordenou que a diretoria analisasse os projetos para apurar eventuais prejuízos e "havendo prejuízos, apontar os motivos e, se pertinente, adotar medidas de ressarcimento junto aos mandatários que deram causa a esses prejuízos."

O?conselho também determinou a implantação de "controles adicionais, para um acompanhamento mais rigoroso do desempenho físico-financeiro da implantação do projeto".

Fonte: Gazeta do Povo

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