Quarta, 11 de junho de 2014 às 11:07

Enchente agrava o drama de atingidos pela Baixo Iguaçu

Fonte: Jornal O Paraná



Famílias ribeirinhas da região que será afetada pelo reservatório da Usina do Baixo Iguaçu contabilizam os prejuízos das chuvas do último fim de semana. Mas a situação é muito mais grave que isso, diz o agricultor Sidnei Martini. "Uma estratégia do operador das usinas do rio Iguaçu, principalmente de Salto Osório, de Salto Segredo e de Salto Caxias, trouxe consequências dramáticas a pelo menos 200 famílias somente em Capanema", de acordo com ele.
Na tentativa de evitar danos ao trabalho já realizado no canteiro de obras da Usina do Baixo Iguaçu, em construção entre Capanema e Capitão Leônidas Marques, o operador teria segurado enquanto pôde fechadas as comportas dos reservatórios. "Quando percebeu que o volume estava no limite e que a chuva seguiria no domingo, a opção foi pela abertura de todas elas de uma única vez", segundo Sidnei, que é um dos representantes das famílias de atingidos pela futura hidrelétrica.
A consequência foi a injeção de um enorme volume de água no leito do rio. "Nunca vimos uma enchente desse tamanho", conforme Sidnei, que há décadas mora na região. O problema foi agravado com o desvio de parte do leito do rio na região da Baixo Iguaçu, o que pressionou a água para as margens, inundando casas e causando sérios prejuízos às famílias. "Muitas perderam moradia, eletrodomésticos, carros e até gado. Alguns ficaram apenas com a roupa do corpo. Felizmente, não houve mortes", conforme Sidnei Martini.
Cancelamento
Diante do que consideram de uma estratégia equivocada do operador, as famílias começaram na tarde de ontem a apurar os danos. Os números serão apresentados à Copel e ao governo estadual, a fim de que os prejuízos sejam ressarcidos. A audiência pública sobre a construção da Hidrelétrica do Baixo Iguaçu, que ocorreria hoje em Brasília, foi cancelada. Os deputados não conseguiram colocar o tema em votação, por isso uma nova data será agendada para os próximos dias.
Reconstrução de usina levará quatro meses
A enxurrada do fim de semana trouxe grandes prejuízos aos gestores de inúmeros municípios, comércio e população. Além disso, empreendimentos iniciados há pouco, como a construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, foram totalmente prejudicados.
A licença para a instalação da UHE foi fornecida à Geração Céu Azul - empresa responsável pela execução da obra - no ano passado. Sua conclusão está prevista para julho de 2016, apenas três anos após seu início. Porém, o cenário de destruição causado pelas cheias pode alterar essa data.
O nível do rio Iguaçu ainda está baixando e os engenheiros não conseguiram contabilizar os prejuízos nem o montante necessário para a reconstrução. O que se sabe é que o trabalho feito nos últimos seis meses foi perdido e que os próximos quatro meses serão necessários à reconstrução. O problema ocorreu principalmente na obra que desviaria o curso do rio para que a casa de força fosse construída.
Segundo a assessoria de imprensa da Geração Céu Azul, as equipes técnicas avaliam os estragos causados pela chuva. Além disso, a assessoria informou que alguns funcionários não conseguiram retomar sua função, já que seu local de trabalho foi levado pela enxurrada. Maquinários e demais equipamentos também foram perdidos. Pouca coisa foi salva, já que a vazão foi excessiva.
De acordo com a prefeita de Capanema, Lindamir Denardin (PSDB), a barreira de proteção construída onde a UHE Baixo Iguaçu foi instalada não suportou o volume de água e cedeu. "Muita coisa foi perdida, como máquinas e equipamentos e a balsa também foi levada pela enchente. Mas, mesmo com esse problema, nenhum funcionário será demitido", garante Lindamir. Ainda não há números oficiais dos prejuízos que o atraso na obra causará e, conforme a prefeita, a Geração Céu Azul realizará reuniões durante toda a semana para discutir esse impasse. Além dos problemas na obra da Baixo Iguaçu, Capanema também continua com os serviços de doações e abrigo às famílias que perderam as suas casas.

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