Quarta, 19 de julho de 2017 às 09:37

Frio e geadas podem fazer preço de hortaliças disparar

Muitas culturas podem sentir o frio mais intenso e, com isso, fazer o preço subir em até 100%.

Com ocorrência de geadas moderadas a fortes em Curitiba e Região Metropolitana para hoje e amanhã, é possível também que o bolso da população acabe pesando por conta do risco de a produção de hortaliças ser afetada. A agricultura na Grande Curitiba é responsável por 40% de toda a produção de hortaliças no Estado do Paraná, com cerca de 3,6 mil toneladas produzidas por mês. Muitas culturas podem sentir o frio mais intenso e, com isso, fazer o preço subir em até 100%.
De acordo com Evandro Pilatti, técnico em comercialização das Centrais de Abastecimento do Paraná S.A. (Ceasa), a previsão é de que a geada, um dos fenômenos atmosféricos que mais causa prejuízos à agricultura e à economia do país, “interfira bastante” no preço das hortaliças, principalmente no caso dos legumes. Segundo ele, ainda não houveram grandes alterações nos preços dos produtos, mas a tendência é que até o final da semana o consumidor já comece a sentir a diferença.

“Se realmente se confirmar a incidência de geada, os produtos que deverão sofrer mais é couve-flor, brócolis, abobrinha, chuchu e até o próprio alface. O pessoal que não protege, campo aberto, sente bastante”, afirma Pilatti, apontando ainda que os consumidores poderão sentir a diferença de preço em breve. “Dependendo do produto sobe em dois, três dias, até 100% ou mais.”
Como exemplo, cita o caso do chuchu, que exige temperaturas amenas para bom desenvolvimento e florada. Segundo ele, praticamente toda a produção, concentrada principalmente no município de Colombo, poderia ser afetada em caso de uma geada mais forte. “E aí a gente começa a depender do que vem de fora, principalmente Espírito Santo. Mas daí a região Sul inteira passa a consumir o produto deles.”
Para tentar evitar maiores perdas, muitos produtores já utilizam túneis baixos de plástico ou podem ainda fazer coberturas com os chamados tecidos não tecidos (TNT). Caso as piores perspectivas se confirmem, contudo, o estado poderá sofrer com a escassez de alguns produtos.
“Se der geada muito forte, vai até meados de setembro para a produção se recuperar. Aí vai ter escassez na ofera, já que esses produtos vão ser plantados a partir de agosto para serem colhidos no final de setembro, começo de outubro. E isso se não der alguma geada tardia, que daí atrasa mais um pouco”, finaliza Evandro.

Hortaliças que podem ser afetadas
Alface
Abobrinha
Brócolis
Chuchu
Couve-flor
Giló
Pepino
Pimentão
Quiabo
Vagem

Lavouras de trigo são as que mais preocupam
Dentre as culturas de grande extensão, a que mais corre riscos e impõe grandes preocupações por conta do frio e das geadas é a do trigo. Segundo o economista Marcelo Garrido, do Departamento de Economia Rural (Deral), os produtores sequer têm o que fazer para proteger a plantação, já que as lavouras são extensas.
“Ele (produtor) fica meio de mãos atadas... É torcer para que não seja algo severo”, afirma o economista. “O trigo nem começou a ser colhido, o que só vai acontecer em dois, três meses, e está numa fase sensível. Mas só vamos conseguir fazer uma avaliação do impacto de sete a 10 dias depois das geadas”, complementa.
Ainda segundo o Deral, o trigo começou a ser plantado em abril no Paraná e está em fase de frutificação e maturação. Cerca de 48% do grão ainda está em campo, principalmente nas regiões do Sul do Estado, que são as mais afetadas pelo frio. “Por causa do clima, o potencial de produção deste ano, que é de 3 milhões de toneladas, deve ser reduzido”, relata o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.
 

Fonte: BEM PARANÁ

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