Dois anos depois, o Estado chega na marca de 2 milhões de toneladas de carnes exportadas pela primeira vez na história e R$ 9 bilhões em investimentos privados nessa cadeia, projetando o futuro do crescimento da produção e comercialização de peixes, aves, bois, suínos, perus, ovos, leite e derivados, entre outros.
A conquista é fruto de mais de 50 anos de trabalho e parceria entre iniciativa privada, entidades representativas do agronegócio e governo estadual. Da mesma forma, a união foi fundamental para a classificação como zona livre de peste suína clássica independente, confirmando o Paraná fora de um grupo atualmente formado por 11 estados, o que garante maior proteção internamente e vantagens sanitárias aos produtores locais no mercado internacional.
“Chegamos ao mais alto grau de qualidade sanitária do planeta, com a garantia de segurança alimentar. Todo mundo que fala de comida, fala necessariamente com o Paraná”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “A certificação é vitória de várias pessoas, públicas ou não, e construída por várias mãos. Nossa missão agora é que isso se reverta em empregos e crescimento econômico”.
Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o Paraná, que já não vacina o rebanho desde 2019, mostra ao mundo uma estrutura produtiva mais desenvolvida e sadia, com um serviço de inspeção sanitária de qualidade. “Todo esse esforço se refletiu em novos negócios e na geração de empregos, que foi o motivo para lutarmos por essa chancela. O aumento na produção, com a expansão de novas plantas e abertura de mais turnos, significa mais gente trabalhando, o que tem sido decisivo para o desenvolvimento dos municípios”, arrematou.
“Essa era uma notícia esperada há mais de 50 anos pelo setor produtivo e agora já estamos há dois anos ampliando o trabalho de fiscalização e conscientização”, disse Otamir Cesar Martins, diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). "Esse trabalho passou por diversas etapas nas últimas décadas e alcançamos o momento ideal, sem vacinação".
MUITO TRABALHO – A história desse status remonta há décadas. Até 1979 não houve grande progresso no controle da enfermidade no Brasil e chegou-se a constatar, naquele ano, 1.436 focos da doença no Paraná. No início dos anos 80, a vacina ainda não estava totalmente assimilada e os focos da doença se multiplicavam.
A melhoria nas vacinas, que passaram a ser aquosas e, logo depois, a oleosas, foi acompanhada de um aumento sucessivo da confiança dos produtores na utilização. As campanhas de vacinação começaram a ser feitas duas vezes ao ano, justamente para evitar a disseminação dos casos. Os focos reduziram, o controle do trânsito melhorou e o Brasil começou a expandir o comércio.
Com o tempo, o percentual de vacinações saltou de cerca de 30% para 95% - marca alcançada até as últimas campanhas. A chegada dos anos 90 trouxe a obrigatoriedade de os produtores vacinarem os rebanhos, o que foi reforçado, em 92, com o programa nacional de erradicação da doença. Em 1995, após novos focos no Estado, o setor se mobilizou e, com a cooperação entre os diversos atores do processo, foi criado o Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (Fundepec) para promover o desenvolvimento e aperfeiçoamento da pecuária e defesa sanitária.
Com o desenvolvimento do Estado, o avanço tecnológico nas propriedades e a mudança no perfil do pecuarista, que passou a mirar com mais atenção o mercado exportador, a vacinação dos rebanhos virou rotina. Parte da estratégia para universalização da prática foi o fomento para criação dos Conselhos Municipais Sanitários Agropecuários, decisivos no combate à doença.
O último foco da doença foi em 2006, mas as campanhas continuavam. Em dezembro de 2011, a defesa sanitária vegetal e animal ganhou em agilidade e profissionalismo com o surgimento da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a entidade autárquica passou a ter patrimônio e receitas próprias, além de autonomia administrativa, técnica e financeira para realizar os trabalhos de fiscalização.
Com o olhar voltado para o mercado internacional e o avanço de outros métodos de controle sanitário, a vacinação passou a ser uma barreira para um desafio superado. Com o trabalho junto ao Ministério da Agricultura e organismos internacionais, a imunização contra a aftosa foi interrompida em 2019 no Paraná e a campanha de vacinação, que acontecia duas vezes por ano, foi substituída pela de atualização de rebanhos. Atualmente o cadastro é obrigatório para garantir a rastreabilidade e a sanidade dos animais.
Isso só foi possível graças a um extenso inquérito epidemiológico, com coletas de amostras de sangue de quase 10 mil animais em 330 propriedades rurais, provando que o vírus já não circula no Paraná. Para fiscalizar a produção e as fronteiras e divisas, foram incorporados, em 2021, 25 médicos veterinários e 13 técnicos de manejo e meio ambiente à Adapar. Também foram contratados 34 técnicos agrícolas por meio de PSS. Outros seis veterinários foram incorporados em março e este ano um novo concurso vai contratar mais 55 técnicos, 37 agrônomos e 18 veterinários.
Agora, está em andamento a nova campanha de cadastramento, que vai até o final de junho. Os índices de apoio são elevados graças ao trabalho de conscientização e apoio do setor produtivo para que o Paraná siga aumentando a produção e reafirmando sua posição de maior produtor de proteína animal do Brasil.
Fonte: AEN