Quinta, 13 de março de 2014 às 08:29

Produtores dão ultimato a construtores de usina Baixo Iguaçu

Produtores se sentem ludibriados após inúmeras negociações sem respostas


A situação que já era tensa entre os atingidos pela Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu e a Neoenergia chegou ao limite ontem. O estopim ocorreu quando a Consórcio Geração Céu Azul desmarcou a reunião de quarta-feira, o que gerou frustração entre os agricultores. Além disso, a empresa Neoenergia, que reponde majoritariamente pela usina, já prevendo manifestações, acionou a Justiça que, por sua vez, decretou que se os atingidos tentassem interromper as obras teriam de arcar com multa no valor de R$ 100 mil por dia.
Revoltados, mais de 200 agricultores e suas famílias saíram do Sudoeste do Estado com destino a Cascavel. Eles chegaram com malas e barracas, em dois ônibus, prontos para montar acampamento em frente à Copel. A finalidade é a de pressionar a Companhia, que tem 30% da concessão da obra, e também os governos estadual e federal, para que as negociações avancem. Até o Ministério Público, entrou no impasse. O promotor de Justiça, Ângelo Mazzucchi, encaminhará os documentos relacionados aos atingidos à coordenadoria, em Curitiba, que atua nesses casos para dinamizar o processo.
Depois de inúmeras rodadas de reuniões, o sentimento que predomina entre os agricultores é o de que são ludibriados. Justamente por isso, o produtor Sidnei Martini, da Comissão dos Atingidos, afirma que eles só deixarão Cascavel quando, de fato, algo de concreto for garantido aos atingidos. Eles anseiam por definições, especialmente em relação às áreas aos assentamentos e a finalização do caderno de preços, isto é, o valor a ser pago pelas áreas inundadas pelo reservatório. "Lutamos por preços justos, nada que não tenhamos direito. Vão nos tirar da nossa terra e não querem pagar o justo por isso. A situação já passou dos limites. Estamos nos sentidos abandonados e enrolados. A empresa se cercou de aparatos jurídicos para que não pudéssemos ser ouvidos. Estão tentando nos calar, enfraquecer o movimento. Por isso, vamos nos manifestar para mostrar que continuamos unidos, que não ficaremos omissos".
Desde o início das obras, há mais de um ano, foram diversos conflitos entre as empresas e as famílias. A preferência dos atingidos é que a propriedade escolhida como reassentamento seja na região, com distância de cem quilômetros da área onde estão hoje.
Em relação aos preços, houve acréscimo nos valores em comparação à proposta inicial, na casa de 10%. O primeiro caderno de preços apresentava como limites valores entre R$ 22 mil e R$ 66 mil, e o segundo de R$ 19,4 mil a R$ 132 mil ao alqueire. Contudo, mesmo com aumento na proposta, os valores ainda estão distantes do que os atingidos consideram justo. A Igreja Católica, por meio do padre Antônio Teixeira, mostrou apoio aos atingidos. "Vemos agricultores adoecendo porque não se têm uma solução. A igreja se coloca ao lado da Justiça, ou seja, dos agricultores".
Usina
A Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu terá capacidade para gerar mais de 350 megawatts e poderá abastecer aproximadamente um milhão de consumidores. A usina, em construção no rio Iguaçu entre Capitão Leônidas Marques e Capanema, está orçada em R$ 1,7 bilhão. Oficialmente, a construção atingirá cerca de mil famílias, espalhadas entre os municípios de Capitão Leônidas Marques, Capanema, Realeza, Planalto e Nova Prata do Iguaçu.
O grupo responsável pela obra é o Consórcio Geração Céu Azul, formado pela Copel, Neoenergia, Fundo de Previdência do Banco do Brasil e da multinacional espanhola Iberdrola.


Fonte: Oparaná


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