Terça, 19 de julho de 2016 às 13:38

Depois de 10 anos – Economia local de Catanduvas não cresceu com a implantação da penitenciária de Catanduvas


Era exatamente 1h35 do dia 19 de julho de 2006 quando um avião pousava no aeroporto de Cascavel. Minutos antes viaturas descaracterizadas da PF (Polícia Federal) chegavam ao aeroporto para uma operação que ocorreu em absoluto sigilo. Um passageiro “ilustre”, porém algemado, desembarcava da aeronave e era escoltado para um veículo que já o aguardava. Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, “inaugurava” naquela data o presídio federal de Catanduvas, que oficialmente foi inaugurado no dia 23 de junho pelo então ministro da Justiça, Márcio Tomas Bastos. Na mesma data começou a funcionar a delegacia da Polícia Federal em Cascavel

Considerado um dos maiores traficantes do Brasil, Beira-Mar foi preso número 1 da unidade federal. Catanduvas foi o oitavo presídio que ele ocupou desde 2003, quando foi levado para a superintendência da PF em Brasília depois de ficar por um período em Bangu 1, no Rio de Janeiro. Durante cerca de uma semana ele foi o único preso da unidade, vigiado por cerca de 200 agentes penitenciários federais, até que outras transferências começaram a surgir.

O primeiro presídio do sistema penal federal foi Catanduvas. Hoje existem penitenciárias mantidas pelo Ministério da Justiça em Campo Grande (MS), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e há uma unidade em construção em Brasília (DF). Os presídios são semelhantes e cada um tem capacidade para abrigar até 208 presos. O foco é isolar lideranças criminosas com o objetivo de desarticular quadrilhas que atuam dentro de presídios.

A unidade de Catanduvas, por exemplo, possui mais 200 câmeras – 90% delas escondidas – e os advogados não têm contato físico com os presos. Mantêm conversas por telefone diante de uma grade de vidro. As imagens são transmitidas em tempo real para o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), em Brasília, que mantém uma central de monitoramento 24 horas por dia. Apenas o interior das celas e os parlatórios, onde presos e advogados se encontram, não são filmados, por determinação legal.

Ao contrário de outras penitenciárias do Brasil, em Catanduvas nunca houve tentativas de fuga – isso é praticamente impossível – motins ou outro tipo de ações comuns em presídios estaduais, como a entrada de telefones celulares, por exemplo. Também não há registro de corrupção de agentes.

As penitenciárias federais têm um aparato tecnológico composto por modernos equipamentos de última geração que garantem a plena segurança e vigilância local. Segundo o Depen, os equipamentos são controlados por corpo funcional próprio e altamente capacitado, formados por agentes penitenciários federais, especialistas em assistência penitenciária e técnicos de apoio à assistência penitenciária.

Promessas

Inicialmente, a proposta era construir o presídio federal em Cascavel, mas uma mobilização de empresários locais não aceitou a unidade alegando que a presença dos criminosos mais perigosos do país poderia transformar a cidade em uma célula do crime organizado. Com Cascavel fora do páreo, autoridades de Catanduvas foram convencidas de que a penitenciária federal traria benefícios para a economia local. Os defensores do presídio diziam que só o valor de salários dos agentes que passariam a circular no município já seria um grande incremento na economia local. Acontece que boa parte dos agentes optou em morar em Cascavel, distante cerca de 40 km de Catanduvas.

A prefeitura cedeu o terreno para a União construir o presídio e como contrapartida foram feitas muitas promessas de investimentos por parte do governo federal. Obras de infraestrutura, saneamento e educação, construção de um hospital e casas populares foram algumas das promessas que nunca chegaram. A população até ensaiou protestos para cobrar as promessas, mas nada mudou. 

 

Fonte: Fonte: Gazeta do Paraná

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