Quinta, 26 de junho de 2014 às 14:19

Capitão: Abandono de obra bilionária é desmentido

Fonte: OParaná


Que a fase para o Consórcio Geração Céu Azul, formado pela Neoenergia e Copel para construir a hidrelétrica do Baixo Iguaçu, não é das melhores ninguém nega. Entretanto, autoridades que há anos acompanham os desdobramentos da obra desqualificam uma onda de boatos que dariam conta de suposto interesse da vencedora da licitação de abandonar o empreendimento. Os que ajudam a espalhar a informação, embora não queiram aparecer, garantem que motivos para tanto há e de sobra.
Há pelo menos três questões que motivariam a suposta desistência: a recente decisão da quarta turma do Tribunal Regional Federal de paralisação das obras devido a riscos que o empreendimento poderia trazer ao Parque Nacional do Iguaçu e às Cataratas do Iguaçu; ao milionário prejuízo que o Consórcio teve há 20 dias devido à enchente que castigou parte do Estado e também quanto às dificuldades para fechar acordo com as famílias de agricultores afetadas pelo empreendimento.
O prefeito de Capitão Leônidas Marques, Ivar Barea (PDT), garante que as especulações em torno de um possível abandono do projeto não fazem qualquer sentido. "E que isso só poder ser coisa de pessoas que tenham algum interesse em desestabilizar um empreendimento importante para a região, para o Paraná e para todo o Brasil". O gestor reconhece que há um cenário de dificuldades ao Consórcio, mas entende que isso não é motivo para a adoção de uma medida tão drástica.
Ivar conversou com o diretor-presidente do Consórcio Geração Céu Azul, Felipe Moreira, que reconheceu as dificuldades pontuais enfrentadas pelo empreendimento. "No entanto, pelo contrário, mostrou-se animado e preocupado em ajudar as famílias ribeirinhas que tiveram perdas com as inundações". Abordada sobre o tema, a empresa diz desconhecer as especulações e que dará sequência às suas atividades.
O Consórcio afirma que, diante do impedimento de continuar com os trabalhos, sob a alegação de supostos prejuízos ambientais, o caminho é tentar reverter o quadro recorrendo à Justiça. Há a confirmação de que todos os cuidados e exigências legais, do que se refere ao impacto da obra, foram atentamente observadas. O maior prejuízo será o de retardar o andamento dos trabalhos em alguns meses. Os impasses judiciais não são novidade na trajetória de cerca de oito anos do empreendimento, já que em vários momentos questionamentos ocorreram e postergaram o início dos trabalhos.
A chuva que produziu uma das maiores cheias da história do rio Iguaçu trouxe perdas expressivas à Neoenergia e à Copel. Embora alguns danos ainda precisem ser contabilizados, a informação extraoficial é que os prejuízos estariam próximos dos R$ 200 milhões. No entanto, Felipe Moreira garantiu ao prefeito Ivar que há apólices que cobrem boa parte das perdas. Diante disso, o que mais pesará no bolso do Consórcio é a inutilização de parte da frota de máquinas e caminhões empregada nas fases iniciais da obra. A ensecadeira, estrutura para desviar parte do curso do rio, estaria coberta.
Embora preocupada com o cenário de dificuldades do empreendimento, a prefeita de Capanema, Lindamir Denardin, mostra-se otimista com a gradual retomada do nível normal de obras no canteiro da usina. Cerca de 400 das mais de mil pessoas recrutadas foram demitidas devido à cheia do Iguaçu. No entanto, a expectativa da gestora é que as dispensas sejam apenas temporárias e que, diante do aperto nos prazos, a empresa recontratará todo o pessoal. No acordo assinado com o Ministério de Minas e Energia, a Geração Céu Azul se comprometeu a finalizar e a começar a geração de eletricidade em 2016.
Não confiáveis
Até mesmo entre as famílias diretamente atingidas pelas obras da hidrelétrica, os boatos de que o Consórcio poderia abandonar o projeto não são levados a sério. "Existem conversas de todo tipo, mas não são confiáveis", diz um dos representantes dos atingidos, Sidnei Martini. O que vale é apenas aquilo que é tratado nas negociações formais entre as partes, afirma ele.

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