Quinta, 26 de junho de 2014 às 15:14

Comarca de Capitão tem mais de 3 mil processos à serem julgados

Redaçao Correio do Povo



A Comarca de Capitão Leônidas Marques que abrange também os municípios de Boa Vista da Aparecida e Santa Lúcia ficou mais de seis meses sem juiz titular e o número de processos que já era grande aumentou ainda mais. No final do mês de maio, assumiu a Comarca a Juíza Drª Tatiane Bueno Gomes. O Jornal Correio do Povo Paranaense entrevistou a Juíza.

Jornal Correio do Povo Paranaense - Drª Tatiane, como foi sua trajetória até se tornar Juíza? E como surgiu a vinda para Capitão Leônidas Marques?
Drª Tatiane - Nasci no interior de São Paulo, e há 12 anos meus pais se mudaram para Caçador -SC. Lá comecei a faculdade de Direito, onde fiz estágio no Fórum, na Justiça Federal, Procuradoria do INSS, Prefeitura no setor jurídico, entre outros. No último ano de faculdade fiz concurso para técnico judiciário de Santa Catarina, onde passei e trabalhei por dois anos e meio trabalhando no com a juíza da Comarca de Lebon Régis - SC, onde me identifiquei e vi que realmente era magistratura que eu queria e tinha que alcançar esse sonho. Foi então que fiz o concurso para analista, pois hoje pra se tornar juiz é necessário ter três anos de bacharelado, ou advogando ou num cargo que seja privativo de bacharel em direito e como técnica era um cargo de nível médio. Então passei e fui chefe de Cartório por três anos na Comarca de Caçador-SC. Passado esses três anos, iniciei o concurso para Magistratura no Paraná ou Santa Catarina. No ano passado fui aprovada e dia 26 de março deste ano tomei posse. Assumi em Palmas-PR como juíza substituta dia 01 de abril deste ano e depois de um mês como juíza substituta consegui a promoção para Juíza de Entrância Inicial e surgiu pra mim Capitão Leônidas Marques. Primeiro fui pela distância entre Capitão e Caçador, depois pelas referências, que foram ótimas: A juíza que estava Drª Nícia era excelente, os servidores são muito competentes e achei a população muito acolhedora.

Jornal Correio do Povo Paranaense - A Comarca de Capitão estava sem juiz titular há mais de seis meses, devido a licença maternidade da Drª Nícia e posteriormente sua saída. Esse tempo somente com juiz substituto acumulou o número de processos na Comarca levado em conta que são três municípios?
Drª Tatiane - Sim. Acumulou bastante, mas tive conhecimento que esse número sempre foi alto. Além disso, sabemos que o juiz substituto atende somente casos urgentes, ou seja, réus presos e algumas liminares mais urgentes. É uma comarca que tem um volume de processos muito grande. Assumi dia 21 de maio e recebi a notícia que tem três mil processos pra ver concluso. Há principio, bate até um desespero, porque são três mil vidas que tenho que resolver. E o pior que se formos ver todos são urgentes, pois já estão há tempo esperando. Processo de réu preso não pode deixar parado por determinação do CNJ, ele tem que tramitar, processos de crianças abrigadas, processos de alimentos provisórios, entre outros. Tenho feito o que eu posso, de manhã, tarde, noite, final de semana, feriado, contratei três voluntários, que estou ensinando, consegui computadores emprestados para agilizar, estou tentando recursos de todos os lados. De todos os meus colegas desse concurso, ninguém está enfrentando uma comarca tão cheia de processos. Estou entrando contato com a corregedoria para vir para Capitão um juiz auxiliar, mas a principio são somente tentativas.

Jornal Correio do Povo Paranaense - Com relação aos processos, qual será a prioridade?
Drª Tatiane - A prioridade é réus presos, processos de crianças abrigadas, alimentos provisórios, audiências de conciliação na Vara da Família. Depois disso, pretendo ver os mais antigos, ações de indenização, juizado especial, enfim o que for mais urgente.

Jornal Correio do Povo Paranaense - Em relação às audiências, já voltaram ao normal?
Drª Tatiane - Sim, já voltaram. Já fizemos algumas neste mês e já temos agendado audiências para o mês de julho, agosto e setembro.

Jornal Correio do Povo Paranaense - No ano passado houve uma reunião entre os advogados da Comarca e o presidente da subseção da OAB Cascavel Juliano Murbach tratando do assunto de elevação da Comarca de Inicial para intermediária. A Drª como magistrada e com a sua experiência, acha que isso é possível?
Drª Tatiane - Pelo número de processos acho que seria possível sim, mas não será fácil, pois o tribunal tem certos requisitos, e se conseguir não sabemos qual o tempo que pode levar, mas acredito que a comarca tem potencial para ser intermediária, principalmente para que tenha mais um juiz para ajudar na resolução dos processos. Vou me sensibilizar e ir junto com os colegas nessa luta.

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