Terça, 15 de janeiro de 2019 às 08:25

Obras na BR 163 avançam pouco e continuidade vira incógnita

Com perda de representatividade política, sociedade civil terá de se desdobrar para que Governo Bolsonaro mantenha investimentos de obra do PT

 
 
Com duas frentes de trabalhadores retomando as atividades nesta semana, a duplicação da BR-163 avança a passos lentos diante da magnitude da obra, cuja previsão inicial era ter sido entregue no fim do ano passado. Agora, o novo prazo é fim de 2020. A troca de governo aumenta o risco quanto à continuidade dos serviços e preocupa empresários e motoristas que utilizam o trecho para o transporte da produção entre o Centro-Oeste e o Sul do Brasil.

O trecho a ser duplicado entre Toledo a Marechal Cândido Rondon, de 39 quilômetros, é o mais lento: em 12 meses avançou apenas 14%, conforme balanço apresentado pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). Em quase quatro anos de trabalho após a definição da vencedora do certame, 34% dos serviços foram executados - em janeiro de 2018 a média apresentada pelo órgão era de apenas 20%.

 A obra foi licitada por R$ 306,5 milhões e o Consórcio Castilho - Urbaniza venceu a licitação em novembro de 2014. Ainda no ano passado, a empreiteira havia prometido liberar um trecho de 18 quilômetros já duplicado.

O que ainda não aconteceu. A lentidão da obra eleva os custos do transporte de grãos, pois em alguns trechos o percurso fica comprometido devido às obras ou trabalhadores na pista. “O prejuízo está atrelado às perdas de grãos no transporte e à demora. Ocorre uma falta de planejamento estratégico que preocupa no interior do País, pois essa obra está com apenas 34% dos serviços executados, sem previsão de orçamento para este ano”, alerta o arquiteto Mário Cesar Costenaro, presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento).

São cinco frentes de trabalho no trecho entre Toledo e Marechal, conforme o Dnit, sendo para terraplenagem, drenagem, pavimentação de camadas de base, pavimentação de camadas asfálticas e meio ambiente (plantio de grama). Já foram repassados R$ 105.648.144,57 e resta R$ 3.987.797,69 para a atual fase.

A obra mais adiantada compreende o trecho entre Cascavel e Marmelândia, distrito de Realeza, chegando a 57% de toda a obra com uma extensão de 74 quilômetros. Porém, no último ano houve execução de apenas 17%. Com o fim das férias coletivas, agora, o serviço será concentrado na execução do segundo viaduto no perímetro urbano de Capitão Leônidas Marques.

O atual efetivo da obra está em 150 colaboradores, assegura o Dnit. O montante já gasto nesse trecho é de R$ 328.946.134,47, restando um saldo de empenho de R$ 9.383.677,03. O valor total da licitação do trecho entre Cascavel a Marmelândia é de R$ 579 milhões. O responsável pela obra é o Consórcio Sanches Tripoloni - Maia Mello.

As obras foram iniciadas em outubro de 2015 com previsão de término no fim de 2018. Há um ano foi iniciada a construção de uma nova ponte sobre o Rio Iguaçu, que não saiu dos alicerces e pilares de sustentação. Os trabalhos foram interrompidos e não há informação de quando serão retomados.

A preocupação maior está relacionada aos recursos necessários para a conclusão, se nem para este ano há valores definidos. “Ainda não houve definição do orçamento 2019, portanto, o saldo de empenho ainda é o que restou de 2018”, informou o Dnit. Só para obra do trecho entre Toledo e Marechal serão necessários mais R$ 196,8 milhões e para o trecho entre Marmelândia e Cascavel outros R$ 240,6 milhões. São mais de R$ 437 milhões que deveriam constar no Orçamento da União para este ano. Contudo, o que há são emendas parlamentares, não impositivas (não obrigatórias), ou seja, dependem de articulação política e boa vontade do presidente Jair Bolsonaro para que saiam do papel.

São três emendas: R$ 100 milhões para o trecho Toledo-Marechal, R$ 150 milhões para o trecho Cascavel Marmelândia, e outros R$ 200 milhões para o contorno rodoviário em Cascavel, obra já concluída. “Estamos em um momento preocupante, pois, além de tudo, perdemos representatividade política da região no Congresso, o que dificulta ainda mais o processo de intermediação com a União.

Precisamos agora unir todas as classes para intensificar as ações para pressionar nossos governantes para demonstrar a necessidade dessa obra”, complementa o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento, Mário Cesar Costenaro.

Fonte: O Paraná

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